História
O Plano dos Centenários foi lançado pelo
governo de Salazar, em 1940, sendo a sua elaboração atribuída a uma Comissão Central
que funcionava junto da Direcção-Geral do Ensino Primário do Ministério da
Educação Nacional, com representantes dos ministérios do Interior e das Obras Públicas e
Comunicações e com a colaboração dos diversos presidentes de câmaras
municipais, diretores escolares dos distritos e delegados escolares dos concelhos. O Plano tinha como objetivo abranger a organização
e a instalação de todos os estabelecimentos de ensino primário necessários à instrução do Povo Português,
de modo que nenhuma criança deixasse de ter escola ao seu alcance e que cada
escola tivesse edifício próprio e devidamente apropriado para o seu
funcionamento.
A construção das escolas foi levada a cabo
pela Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais do Ministério das Obras
Públicas. No âmbito do Plano dos Centenários, até ao final da década de 1950, foram
construídos mais de 7000 edifícios escolares novos, que incluíam um total
superior a 12 000 salas de aula. A construção de escolas em larga escala
continuou até meados da década de 1960. Quase todas as cidades, vilas e aldeias de Portugal passaram a dispôr de uma ou mais escolas do Plano dos
Centenários, o que permitiu diminuir acentuadamente o analfabetismo e aumentar o ensino obrigatório de três
para quatro anos em 1960 e para seis anos em 1967.
Grande parte das escolas do Plano dos
Centenários ainda estão hoje em funcionamento como escolas básicas do 1º ciclo.
Na década de 1990, no entanto, muitas delas foram desativadas,
por um lado devido à falta de alunos decorrente da desertificação das regiões
do interior e por outro no âmbito da política de concentração dos alunos do 1º
ciclo doensino básico em escolas de maior dimensão. Algumas das escolas desativadas foram
convertidas para outros fins, sendo transformadas em museus, restaurantes, estabelecimento hoteleiros e outros.
Arquitetura
As escolas do Plano dos Centenários, com a
sua arquitetura típica, acabaram por se tornar numa imagem de marca de Portugal, existindo
pelo menos um exemplar em quase todas as povoações do país.
As escolas foram construídas, segundo o
estilo arquitetónico conhecido como "Português Suave,
incorporando caraterísticas da arquitetura tradicional. Foram estabelecidas
tipologias-base, que seriam adaptadas às condições locais, segundo o número de
alunos a receber e o clima da região. Normalmente, cada escola englobava duas
ou quatro salas de aula, uma cozinha, instalações sanitárias e um alpendre.
Os projetos, baseavam-se nos projetos-tipo
regionalizados de escolas primárias, aprovados pela Direcção-Geral dos
Edifícios e Monumentos Nacionais em 1935 e elaborados pelos arquitetos Raul Lino e Rogério de Azevedo. O primeiro
arquiteto projetou os edifícios destinados às regiões do Sul e o segundo às
regiões do Norte. As escolas seriam construídas em série, mas cada escola seria
adaptada às caraterísticas da arquitetura local, tendo em conta os materiais
aplicados e as condições climatéricas.
Para aplicação ao Plano dos Centenários,
os projetos de Raul Lino e de Rogério de Azevedo seriam revistos pelos
arquitetos Manuel Fernandes
de Sá, Joaquim Areal, Eduardo Moreira
dos Santos e Alberto Braga de
Sousa.
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